quarta-feira, 17 de junho de 2020

O que é um Cristão? 4/12 Justificação e Santificação (parte 2)



Um criminoso perdoado nunca poderia se sentir confortável na presença de seu juiz e nem mesmo na de homens honestos. Mas, bendito seja o nome de Deus, não somos apenas criminosos e pecadores perdoados; mas justificados, ou seja, somos positivamente considerados justos; e, portanto, estamos em paz com Deus e podemos nos sentir confortáveis em Sua presença; como está escrito: "ora, não só por causa dele está escrito, que lhe fosse tomado em conta, mas também por nós, a quem será tomado em conta, os que cremos naquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus nosso Senhor; o qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação. Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus" (Romanos 4:23-25; 5:1-2). Isso é ainda mais fortemente colocado nos versículos: "Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus" (II Coríntios 5:21), "Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus ... justiça" (I Coríntios 1:30), "Dando graças ao Pai que nos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz" (Colossenses 1:12). Quão claramente esses versículos nos mostram que o crente não apenas é perdoado, mas também é considerado positivamente justo e, portanto, adequado à presença do próprio Deus. Mas lembre-se, meu caro leitor, de que isso não é em virtude de qualquer coisa que o crente tenha feito ou fará; mas simplesmente e unicamente em virtude da graça de Deus e da obra de Cristo. Essa verdade é outra vez muito claramente exposta nos tipos do Antigo Testamento da oferta pelo pecado e da oferta queimada/holocausto (Levítico 1-7). Em cada uma dessas ofertas, o ofertante pôs a mão na cabeça do animal inocente a ser oferecido; e o significado dessa imposição de mãos era de que o ofertante estava assim identificado com a vítima. Existe, no entanto, esta grande diferença entre as ofertas. A carcaça da oferta pelo pecado foi tratada como uma coisa amaldiçoada e queimada fora do arraial, mostrando que nosso pecado foi transferido para Cristo, e Ele foi amaldiçoado por nós (veja Gálatas 3:13); enquanto que o holocausto, que foi totalmente queimado como um aroma agradável a Deus no altar, mostra que a aceitabilidade de Cristo é transferida para nós que cremos. Para colocar em linguagem simples, Cristo tomou o nosso lugar, foi tratado como nós merecíamos, para que pudéssemos ter o Seu lugar diante de Deus e sermos tratados como Ele merecia. Não é de se admirar, então, que o crente possa entrar com ousadia no Santo dos Santos, ou seja, na própria presença de Deus, através do sangue de Jesus (Hebreus 10:19). Não é de se admirar que o pobre pródigo pecador seja recebido com tanto amor; esteja vestido com a melhor túnica, com o anel, com os sapatos, é dado o lugar de filho e se regozija à mesa do pai; visto que, ao fazer tudo isso, Deus está apenas mostrando a todos o deleite inexprimível que Ele sente na obra e na pessoa de Jesus Cristo, Seu Filho. Quando podemos medir o quão Cristo é estimado por Deus, podemos medir as bênçãos que pertencem a todos quantos vêm a Deus por meio de Cristo; pois um é a medida do outro.


Tradução do livro "What is a Christian?" de S.L. Jacob (1845-1911). Disponível em STEM Publishing: https://www.stempublishing.com/authors/Jacob/Jacob_What_is_Christian.html  Traduzido por André Boechat. andreestudosbiblicos.blogspot.com @andre_boechatfelipe