domingo, 8 de novembro de 2020

O que é um Cristão? 9/12 A Esperança (parte 1)

A Esperança

Até agora, tudo sobre o que foi escrito aqui são todas possessões presentes; o Cristão (que conhece o lugar de Cristão) não espera o perdão dos pecados e nem a justificação, pois está perdoado e justificado. Ele não espera possuir o Espírito Santo ou ser feito filho de Deus, pois sabe que recebeu o dom do Espírito Santo e que Deus é seu Pai. Ele sabe que tem vida eterna, ele sabe que morreu e ressuscitou com Cristo. Ele sabe que é membro de Cristo e faz parte de Seu corpo. Todas essas bênçãos maravilhosas já são dele; não ora por elas, dá graças a Deus por elas; e não pode pedir por aquilo que Deus já lhe deu gratuitamente. Ele recebeu todas essas bênçãos por simples fé, pois a palavra de Deus não nos diz para pedi-las, mas diz que elas são dadas a todo aquele que crê; e nas orações registradas em Atos e nas Epístolas, nenhuma dessas coisas é pedida, pela simples razão de que todo Cristão verdadeiro as tem, enquanto que cada alma não salva as terá diretamente, tendo assim seu orgulho quebrado, e ela vem como um mendigo a Deus por meio de Cristo, para receber todas essas coisas como um dom gratuito de Deus.

Quão triste é que, entre os milhões que se chamam Cristãos, quão poucos devem estar possuindo conscientemente essas bênçãos, as quais são possessões comuns a todo crente verdadeiro na era presente; e que se imagina ser humildade o continuar pedindo por essas bênçãos, que já foram dadas por Deus a cada alma que veio a Ele por Jesus Cristo somente. Entretanto, além de todas as possessões presentes, o Cristão tem uma esperança mais bendita e gloriosa.

Tradução do livro "What is a Christian?" de S.L. Jacob (1845-1911). Disponível em STEM Publishing: https://www.stempublishing.com/authors/Jacob/Jacob_What_is_Christian.html  Traduzido por André Boechat. andreestudosbiblicos.blogspot.com @andre_boechatfelipe

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

O que é um Cristão? 8/12 Membros de Cristo (completo)

Membros de Cristo

Até agora, consideramos apenas as bênçãos individuais do Cristão. Vamos agora examinar brevemente suas bênçãos corporativas em virtude do Espírito Santo enviado do céu. Um dos objetivos da morte do Senhor Jesus foi trazer todos os filhos de Deus para uma unidade. Ele fez isso pela descida do Espírito Santo, por meio do qual os filhos de Deus que estavam dispersos se tornaram um corpo de Cristo, "porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros deste um corpo, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também. Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito" (I Coríntios 12:12-13). Esse é o maravilhoso mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus; pelo qual Ele desejou fazer com que a sua multiforme sabedoria seja conhecida dos principados e potestades nos céus, a saber: que os Gentios, que antes estavam sem esperança e sem Deus no mundo, devessem ser coerdeiros, e de um mesmo corpo e coparticipantes da promessa de Deus em Cristo pelo Evangelho. Cristo aboliu em Sua carne a inimizade entre Judeus e Gentios, sim, a lei do mandamentos que consistia em ordenanças; para fazer em Si mesmo dos dois um novo homem, fazendo assim a paz (veja Efésios 2 e 3).

Esta é a maravilhosa verdade agora revelada, que um Homem tanto glorificou a Deus na terra, que Deus O glorificou e O colocou em Seu próprio trono à Sua direita, e o Espírito Santo desceu para unir os crentes a esse Homem glorificado. O Senhor Jesus Cristo é a Cabeça da igreja, Seu corpo; e nós, que somos habitados pelo Espírito Santo, somos os membros. Oh! Que privilégio maravilhoso sermos membros de Cristo. Leitor, você um é membro de Cristo? Você reconhece que enquanto os homens falam em ser membros desta ou daquela igreja ou sociedade, as Escrituras falam apenas de ser membro de Cristo? O que pode ser um vínculo mais próximo com Cristo do que isso? O que pode ser um vínculo mais próximo com os outros crentes? Você acredita que pode melhorar isso? Quão próximos estamos de Cristo, membros de Seu próprio corpo, parte de Si mesmo; tanto que poderia dizer a Saulo, que perseguia Seu povo: "Saulo, Saulo, por que me persegues?" (veja Atos 9:4). Essa é uma bênção que pertence peculiarmente ao tempo presente, a partir da descida do Espírito Santo. É como Homem ressurreto que Jesus se tornou a Cabeça do corpo e foi o batismo do Espírito Santo que formou o corpo de Cristo na terra. Os santos do Velho Testamento, por mais abençoados que sejam, não compartilham desse privilégio, nem fazem parte da igreja. Eles são amigos do Noivo e se alegram em ouvir Sua voz (João 3:29); mas eles não podem fazer parte do corpo de Cristo; pois a igreja, como esse corpo, só foi formada tendo início no dia de Pentecostes e será concluída no dia em que o Senhor chamar os santos, adormecidos e vivos, para encontrá-Lo no ares (I Tessalonicenses 4:15-17).

Além de pertencer ao corpo de Cristo, o cristão também faz parte da casa de Deus, da habitação de Deus, do templo de Deus. "Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual" (I Pedro 2:5). "A qual casa somos nós" (Hebreus 3:6). "Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus; edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito" (Efésios 2:19-22). "Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo" (II Coríntios 6:16). Leitor, você já reconheceu o que é ser uma pedra viva da casa de Deus, da casa espiritual em que Deus habita? Você sabe o que é fazer parte da habitação de Deus, do templo de Deus? Ou você acredita que um edifício de pedra é a igreja de Deus, a casa de Deus? Se assim for, você nunca entenderá a verdade sobre a casa espiritual de Deus e terá muito a perder.

Além das bênçãos já mencionadas, o Cristão também é um participante do reino, embora esta não seja uma bênção peculiar aos tempos atuais, mas é compartilhada com os crentes de outras épocas. Deve ser entendido de forma clara que "o reino dos céus" não significa céu, nem significa a igreja. Significa um reino na terra, embora governado do céu. Todos os profetas falaram desse reino, predizendo suas glórias que existirão durante o reinado de Cristo. "E irão muitas nações, e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor, e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor. E julgará entre muitos povos, e castigará nações poderosas e longínquas, e converterão as suas espadas em pás, e as suas lanças em foices; uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra. Mas assentar-se-á cada um debaixo da sua videira, e debaixo da sua figueira, e não haverá quem os espante, porque a boca do Senhor dos Exércitos o disse" (Miqueias 4:2-4). Esse reino em glória, poder e justiça manifestos ainda não foi estabelecido. Se o povo de Israel tivesse aceitado a Cristo como o Messias, o reino então ali seria estabelecido em poder, mas devido a eles O terem rejeitado, o reino em poder, portanto, é postergado até que Israel se arrependa. Em vez disso, temos o reino em tribulação e paciência (veja Apocalipse 1:9). Os segredos deste reino nos são revelados no décimo terceiro capítulo do Evangelho de Mateus, pois Jesus disse aos seus discípulos: "Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado" (versículo 11). A parábola do semeador é a parábola introdutória, mostrando como a semente seria semeada em todo o mundo. Depois disso, vêm mais seis parábolas, cada uma começando com as palavras: "O reino dos céus é semelhante...". Essas seis parábolas são divididas em dois conjuntos de três cada. O primeiro conjunto de três, a saber: a do joio, a do grão de mostarda e a do fermento foram falados à multidão fora de casa e nos dão o aspecto externo das coisas, contando como o pecado seria introduzido e espalhado. O segundo conjunto de três, a saber: a do tesouro escondido no campo, a da pérola de grande valor e a da rede de arrastar, foram falados aos discípulos em casa, e eles nos contam o aspecto interno do reino aos olhos de Deus, e nos animam mostrando-nos o extremo deleite de Cristo naquilo que Ele vê dentro do reino, apesar de todas as nossas falhas. Bendito seja Deus, embora tenhamos falhado tão grosseiramente em tudo o que foi confiado à nossa responsabilidade, ainda assim o propósito de Deus e a obra de Cristo nunca podem falhar, e este é, portanto, nosso conforto e nossa alegria.


Tradução do livro "What is a Christian?" de S.L. Jacob (1845-1911). Disponível em STEM Publishing: https://www.stempublishing.com/authors/Jacob/Jacob_What_is_Christian.html  Traduzido por André Boechat. andreestudosbiblicos.blogspot.com @andre_boechatfelipe

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

O que é um Cristão? 8/12 Membros de Cristo (parte 4)



Além das bênçãos já mencionadas, o Cristão também é um participante do reino, embora esta não seja uma bênção peculiar aos tempos atuais, mas é compartilhada com os crentes de outras épocas. Deve ser entendido de forma clara que "o reino dos céus" não significa céu, nem significa a igreja. Significa um reino na terra, embora governado do céu. Todos os profetas falaram desse reino, predizendo suas glórias que existirão durante o reinado de Cristo. "E irão muitas nações, e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor, e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor. E julgará entre muitos povos, e castigará nações poderosas e longínquas, e converterão as suas espadas em pás, e as suas lanças em foices; uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra. Mas assentar-se-á cada um debaixo da sua videira, e debaixo da sua figueira, e não haverá quem os espante, porque a boca do Senhor dos Exércitos o disse" (Miqueias 4:2-4). Esse reino em glória, poder e justiça manifestos ainda não foi estabelecido. Se o povo de Israel tivesse aceitado a Cristo como o Messias, o reino então ali seria estabelecido em poder, mas devido a eles O terem rejeitado, o reino em poder, portanto, é postergado até que Israel se arrependa. Em vez disso, temos o reino em tribulação e paciência (veja Apocalipse 1:9). Os segredos deste reino nos são revelados no décimo terceiro capítulo do Evangelho de Mateus, pois Jesus disse aos seus discípulos: "Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado" (versículo 11). A parábola do semeador é a parábola introdutória, mostrando como a semente seria semeada em todo o mundo. Depois disso, vêm mais seis parábolas, cada uma começando com as palavras: "O reino dos céus é semelhante...". Essas seis parábolas são divididas em dois conjuntos de três cada. O primeiro conjunto de três, a saber: a do joio, a do grão de mostarda e a do fermento foram falados à multidão fora de casa e nos dão o aspecto externo das coisas, contando como o pecado seria introduzido e espalhado. O segundo conjunto de três, a saber: a do tesouro escondido no campo, a da pérola de grande valor e a da rede de arrastar, foram falados aos discípulos em casa, e eles nos contam o aspecto interno do reino aos olhos de Deus, e nos animam mostrando-nos o extremo deleite de Cristo naquilo que Ele vê dentro do reino, apesar de todas as nossas falhas. Bendito seja Deus, embora tenhamos falhado tão grosseiramente em tudo o que foi confiado à nossa responsabilidade, ainda assim o propósito de Deus e a obra de Cristo nunca podem falhar, e este é, portanto, nosso conforto e nossa alegria.


Tradução do livro "What is a Christian?" de S.L. Jacob (1845-1911). Disponível em STEM Publishing: https://www.stempublishing.com/authors/Jacob/Jacob_What_is_Christian.html  Traduzido por André Boechat. andreestudosbiblicos.blogspot.com @andre_boechatfelipe

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

O que é um Cristão? 8/12 Membros de Cristo (parte 3)



Além de pertencer ao corpo de Cristo, o cristão também faz parte da casa de Deus, da habitação de Deus, do templo de Deus. "Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual" (I Pedro 2:5). "A qual casa somos nós" (Hebreus 3:6). "Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus; edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito" (Efésios 2:19-22). "Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo" (II Coríntios 6:16). Leitor, você já reconheceu o que é ser uma pedra viva da casa de Deus, da casa espiritual em que Deus habita? Você sabe o que é fazer parte da habitação de Deus, do templo de Deus? Ou você acredita que um edifício de pedra é a igreja de Deus, a casa de Deus? Se assim for, você nunca entenderá a verdade sobre a casa espiritual de Deus e terá muito a perder.


Tradução do livro "What is a Christian?" de S.L. Jacob (1845-1911). Disponível em STEM Publishing: https://www.stempublishing.com/authors/Jacob/Jacob_What_is_Christian.html  Traduzido por André Boechat. andreestudosbiblicos.blogspot.com @andre_boechatfelipe

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

O que é um Cristão? 8/12 Membros de Cristo (parte 2)



Esta é a maravilhosa verdade agora revelada, que um Homem tanto glorificou a Deus na terra, que Deus O glorificou e O colocou em Seu próprio trono à Sua direita, e o Espírito Santo desceu para unir os crentes a esse Homem glorificado. O Senhor Jesus Cristo é a Cabeça da igreja, Seu corpo; e nós, que somos habitados pelo Espírito Santo, somos os membros. Oh! Que privilégio maravilhoso sermos membros de Cristo. Leitor, você um é membro de Cristo? Você reconhece que enquanto os homens falam em ser membros desta ou daquela igreja ou sociedade, as Escrituras falam apenas de ser membro de Cristo? O que pode ser um vínculo mais próximo com Cristo do que isso? O que pode ser um vínculo mais próximo com os outros crentes? Você acredita que pode melhorar isso? Quão próximos estamos de Cristo, membros de Seu próprio corpo, parte de Si mesmo; tanto que poderia dizer a Saulo, que perseguia Seu povo: "Saulo, Saulo, por que me persegues?" (veja Atos 9:4). Essa é uma bênção que pertence peculiarmente ao tempo presente, a partir da descida do Espírito Santo. É como Homem ressurreto que Jesus se tornou a Cabeça do corpo e foi o batismo do Espírito Santo que formou o corpo de Cristo na terra. Os santos do Velho Testamento, por mais abençoados que sejam, não compartilham desse privilégio, nem fazem parte da igreja. Eles são amigos do Noivo e se alegram em ouvir Sua voz (João 3:29); mas eles não podem fazer parte do corpo de Cristo; pois a igreja, como esse corpo, só foi formada tendo início no dia de Pentecostes e será concluída no dia em que o Senhor chamar os santos, adormecidos e vivos, para encontrá-Lo no ares (I Tessalonicenses 4:15-17).


Tradução do livro "What is a Christian?" de S.L. Jacob (1845-1911). Disponível em STEM Publishing: https://www.stempublishing.com/authors/Jacob/Jacob_What_is_Christian.html  Traduzido por André Boechat. andreestudosbiblicos.blogspot.com @andre_boechatfelipe

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

O que é um Cristão? 8/12 Membros de Cristo (parte 1)

Membros de Cristo

Até agora, consideramos apenas as bênçãos individuais do Cristão. Vamos agora examinar brevemente suas bênçãos corporativas em virtude do Espírito Santo enviado do céu. Um dos objetivos da morte do Senhor Jesus foi trazer todos os filhos de Deus para uma unidade. Ele fez isso pela descida do Espírito Santo, por meio do qual os filhos de Deus que estavam dispersos se tornaram um corpo de Cristo, "porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros deste um corpo, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também. Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito" (I Coríntios 12:12-13). Esse é o maravilhoso mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus; pelo qual Ele desejou fazer com que a sua multiforme sabedoria seja conhecida dos principados e potestades nos céus, a saber: que os Gentios, que antes estavam sem esperança e sem Deus no mundo, devessem ser coerdeiros, e de um mesmo corpo e coparticipantes da promessa de Deus em Cristo pelo Evangelho. Cristo aboliu em Sua carne a inimizade entre Judeus e Gentios, sim, a lei do mandamentos que consistia em ordenanças; para fazer em Si mesmo dos dois um novo homem, fazendo assim a paz (veja Efésios 2 e 3).


Tradução do livro "What is a Christian?" de S.L. Jacob (1845-1911). Disponível em STEM Publishing: https://www.stempublishing.com/authors/Jacob/Jacob_What_is_Christian.html  Traduzido por André Boechat. andreestudosbiblicos.blogspot.com @andre_boechatfelipe

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

O que é um Cristão? 7/12 Filiação, Vida e Vida Eterna (completo)

Filiação, Vida e Vida Eterna

Quando o filho pródigo estava caminhando com dificuldade de volta para casa, o pensamento em seu coração era: "Oh, se ao menos eu pudesse conseguir o lugar de um servo"; e de fato naturalmente a criatura poderia, mesmo não caída, nunca buscar nada mais alto do que ser serva do bom Deus e Criador. Que privilégio ser permitido poder servir a Deus como nosso Mestre, fazendo nossa obra sob Seu olhar vigilante e cuidado terno. Quão maravilhoso é então, que o coração de Deus não possa ser satisfeito sem dar aos Seus redimidos o lugar de filhos. Não é de se admirar que o Apóstolo exclama assim: "Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso o mundo não nos conhece; porque não o conhece a ele" (I João 3:1). Quão pouco conhecemos o coração de Deus, quão pouco entramos em Seu deleite no Evangelho, quão pouco entendemos que o Evangelho não apenas atende às necessidades do homem, mas a necessidade que Deus tinha. Ele precisava de uma maneira de tornar conhecidas as riquezas de Seu amor e graça, e vendo que elas nunca poderiam ser exibidas pela criação, portanto Ele permitiu (não podemos dizer que Ele causou) a entrada do pecado, para que Seu coração pudesse ser plenamente manifestado no Homem Cristo Jesus e àqueles a quem predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos (Romanos 8:29). E, oh! Quão bendito é este pensar, esses irmãos têm o direito de saber agora o que todo o mundo saberá no futuro, que o Pai os ama com o amor com que amou Seu Filho (João 17:23). Leitor, você sabe o que é ser um filho, não apenas um filho adotivo, mas um filho no sentido mais amplo da palavra? Muitos que conhecem um pouco do assunto, não vão além disto: que Deus nos adotou. Mas a palavra grega "huiothesia", que é traduzida como "adoção" (veja Romanos 8:15, Romanos 9:4, Gálatas 4:5, Efésios 1:5; esses são os únicos lugares nos quais a palavra é usada a não ser Romanos 8:23, no qual tem outro significado e se aplica à redenção do corpo) significa o pleno lugar e privilégio da filiação e não o significado da nossa palavra adoção. Quando falamos de adoção, queremos dizer de alguém que não é realmente um filho, ele não tem a natureza interior de seu pai adotivo. Mas nós, os que cremos, não somente somos nascidos de Deus, como está escrito: "Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus" (João 1:12-13); mas também temos o Espírito Santo habitando em nós para dar-nos o sentido íntimo de relacionamento (Romanos 8:15-16; Gálatas 4:6-7), e para tornar-nos intimamente um com o Pai e o Filho (João 14:20).

Onde a palavra "teknon", uma "criança", é usada, a afeição que a criança recebe como o objeto do coração do Pai está mais em vista; enquanto que onde é usada a palavra "huios", um "filho" traz a ideia do pleno privilégio e honra da filiação e de ser um herdeiro. O Apóstolo Paulo  usa os dois termos, enquanto o apóstolo João usa o primeiro apenas, embora infelizmente em nossa tradução para o Inglês* as palavras "criança" e "filho" sejam frequentemente transpostas. Um dos grandes objetivos pelos quais o Senhor Jesus veio a esta terra foi revelar o Pai. Essa verdade é especialmente exposta no Evangelho de João; e, aparentemente, antes de deixar a cruz, o desejo de revelar o nome do Pai, da maneira que só poderia ser feita após Sua ressurreição, estava especialmente em Seu coração, pois está escrito (aparentemente sobre o pensamento de Cristo na cruz): "declararei o Teu nome (isto é, o nome do Pai) aos meus irmãos" (Salmo 22:22). Portanto, Sua primeira mensagem aos Seus discípulos quando Ele ressuscita dos mortos é: "vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus" (João 20:17); mostrando-lhes assim que agora possuíam o mesmo relacionamento que Ele mesmo. Note, você nunca tem a expressão "Pai celestial" ou "Pai nosso que estás no céu", seja na Epístola de João ou nas Epístolas, mas somente nos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas. Essa expressão se refere a um povo terreno olhando para Deus seu Pai no céu, e foi usado por Cristo para ver se o conhecimento de Deus como o Pai Celestial dele, produziria frutos do coração do homem, que tinha sido tão infiel debaixo da lei. Mas, como todos os outros remédios, isso não adiantaria. Cristo deveria morrer, nada mais iria ajudar o homem pecador. Portanto, Cristo morreu e ressuscitou e subiu às alturas, mas de agora em diante o povo de Deus é um povo celestial, porque Cristo está no céu, e Deus não é chamado de Pai Celestial, mas de nosso Deus e Pai, porque estamos em Espírito conectados com Ele no céu no lugar onde o Filho está.

*Nota do tradutor: do mesmo modo para o Português.

Gálatas 4:1-11 é claro em nos mostrar que o lugar de filho só poderia ser conhecido e desfrutado depois que a obra de Cristo tivesse sido terminada e o Espírito Santo tivesse vindo. Não é apenas o novo nascimento que é preciso, mas também a habitação do Espírito Santo para dar o gozo da filiação e, portanto, o lugar, o privilégio e a liberdade do lugar de filho não poderiam ser desfrutados antes do dia de Pentecostes, e procuramos em vão por isso no Antigo Testamento. Como, então, podemos tomar os Salmos como a expressão da adoração cristã apropriada, visto que eles expressam os sentimentos daqueles que estavam sob a lei e a servidão? (Embora, é claro, sejam declarações perfeitas sob essas circunstâncias). O Cristão, entretanto, não está sob a lei; ele tem a liberdade da filiação e, quando voluntariamente se coloca sob a lei, como (infelizmente!) é feito pela massa de cristãos de todas as seitas e denominações, ele entristece o Espírito e fere o coração do amoroso Pai. A lei é santa, justa e boa, e é perfeita como regra para o homem na carne, mas Cristo os redimiu, os que estavam debaixo da lei; e se nós agora, depois que Cristo ressuscitou, retornamos à lei, com suas regras, religião e ordenanças adequadas ao homem na carne, mas mostradas totalmente impotentes para ajudá-lo porque é ele um pecador incapaz de ser ajudado, nós voltamos para aquilo que a morte de Cristo colocou de lado e, assim, praticamente dizemos que Cristo morreu em vão (veja Gálatas 2:20). Toda a Epístola aos Gálatas está ligada a esse assunto, e quão severamente o Apóstolo trata desse grande pecado. Quão triste é então o estado atual da Cristandade, na qual a lei, a servidão e a distância são ensinadas como posição e experiência cristã apropriadas, e na qual a liberdade do lugar de filho é quase desconhecida. Leitor, você aceitará a liberdade de Deus ou, para agradar aos homens, se colocará sob o jugo dos mandamentos e tradições dos homens (veja Mateus 15:9), e assim permanecerá em servidão? Você não sairá de tudo o que é do homem para descansar totalmente na infinita sabedoria, amor e poder do Pai?

Apenas mais uma reflexão antes que o assunto seja encerrado, que é implorar ao leitor que tome cuidado com o pensamento maligno que agora é tão predominante, a saber: a assim chamada paternidade universal de Deus. O apóstolo João diz que o mundo nem mesmo conhece os filhos de Deus (I João 3:1); fala também dos filhos de Deus e dos filhos do diabo (I João 3:8-10), mostrando claramente que nada conhece desta paternidade universal. O Senhor Jesus diz a mesma coisa (veja João 8:44). Na verdade, a paternidade universal de Deus transtorna completamente toda a verdade da missão e obra de Cristo, pois somos muito claramente ensinados que Ele veio para nos redimir (para fora) do mundo (João 17:6; Gálatas 1:4). Leitor, tenha cuidado para não ser levado por uma doutrina tão má que desonra terrivelmente a verdade de Deus, tendo nessa doutrina alguma verdade (veja Atos 17:29) suficiente para tornar seu veneno muito mortal.


Com a questão de ser um filho de Deus e conhecer a Deus como Pai, a verdade da vida eterna está intimamente conectada, pois a presente vida eterna é o conhecimento do Pai no Filho, como está escrito: "Assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos quantos lhe deste. E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (João 17:2-3). Os santos do Antigo Testamento nasceram de Deus, mas a vida e a incorruptibilidade só foram trazidas à luz pelo Evangelho (II Timóteo 1:10). Foi somente com a aparição do Filho que o poder e o caráter da vida que vem de Deus se tornaram conhecidos. O Senhor disse: "eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância" (João 10:10). Essa vida mais abundante é evidentemente vida eterna. É apenas o Apóstolo João que traz a verdade da presente vida eterna, em outras partes das Escrituras, ela é esperada para o futuro (como Romanos 6:22); embora encontremos bastantes referências nas Epístolas do Apóstolo Paulo sobre a vida como uma coisa presente.

Vida nas Escrituras nunca significa mera existência, mas sempre implica saúde, força e alegria, assim como a palavra, às vezes, é usada por aqueles em circunstâncias deprimentes, quando dizem: "Nós não vivemos, nós sobrevivemos*" (veja João 4:50-53; I Tessalonicenses 3:8); e o mero sobreviver espiritual, como é visto no homem em Romanos 7, não é, portanto, chamado de vida espiritual. A vida é encontrada no capítulo oitavo, no qual está escrito: "O Espírito é vida, por causa da justiça". Ninguém pode dizer que tem vida nesse sentido a menos que tenha o Espírito, embora uma obra de Deus possivelmente tenha começado em sua alma e, se assim for, ele nunca estará perdido.

Além disso, mesmo que o Espírito seja vida, nós, ao pensar na vida, não devemos olhar para dentro, mas para Cristo, como está escrito: "Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; Porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória" (Colossenses 3:1-4).

A ideia aqui quanto à nossa vida não é a sua segurança, embora, é claro, estejamos seguros, mas onde e em quem ela está, a saber: em Cristo no céu. A esfera da nossa vida não é a terra, mas o céu, e todas as fontes, força e prazer vêm de lá, embora, quanto aos nossos corpos, estejamos na terra como peregrinos e estranhos.

Então, em Gálatas 2:20 o Apóstolo Paulo diz: "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim". Aqui Cristo vive nele, mas evidentemente toda a Epístola mostra que ele não está ocupado com Cristo em seu interior, mas com Cristo na glória.

Ninguém pode realmente tomar para si as palavras do apóstolo até que ele também tenha aceitado a morte com Cristo em sua própria alma como sua porção aqui, e esteja contente em ter sua fonte de vida originada da glória em vez da terra, como costumava fazer.

*Nota do tradutor: Ou quando falamos que estamos "apenas respirando" ou no sentido de estar "desperdiçando a vida" dizemos: "isso não é viver", "isso não é vida".

A vida eterna é comumente imaginada ser a segurança eterna, ou seja, é feita equivalente à expressão "nunca perecer", enquanto que significa infinitamente mais. Sem dúvida, inclui a segurança eterna, mas reduzir seu significado a isso é rebaixar miseravelmente o que Deus considera sobre o assunto.

A vida eterna leva nossos pensamentos de volta quando o Filho estava sozinho com o Pai antes de toda a criação, e é manifesta no Filho de Deus feito carne (I João 1:1-4).

Nada relacionado com a vida eterna é temporário; muito foi feito por nosso bendito Senhor em infinita graça para nossa redenção, e tudo o que Ele fez foi, é claro, sempre perfeito, mas vida eterna está conectada com a vida que Ele tinha com o Pai antes que o mundo existisse e que Ele manifestou aqui de acordo com os escritos do Apóstolo João. Ele morreu, ressuscitou, foi ao Pai e enviou o Espírito Santo para que pudéssemos ter e conhecer a vida eterna como uma possessão presente (João 17:1-3; I João 5:13). Enquanto que em todos os outros escritos a vida eterna é vista como futura, nos escritos de João ela é mostrada como uma possessão presente a ser conhecida e desfrutada agora.  A vida eterna está no Filho (não em Cristo, embora o Filho e Cristo sejam a mesma pessoa, mas as Escrituras distinguem cuidadosamente a relação eterna do Filho do título oficial de Cristo), e se podemos usar uma linguagem muito caseira sem perder a reverência, pode-se dizer que a vida eterna é para nós a vida familiar do Pai e do Filho e que agora é nossa, visto que somos filhos do Pai, e essa vida familiar agora pode ser conhecida e desfrutada como uma bênção presente pelo poder do Espírito de Deus. Essa vida está necessariamente fora das coisas temporais e dos sentidos, a comunhão do Pai e do Filho é tudo em tudo ali. Deve ser experimentada para ser conhecida, nenhuma explicação transmitirá qualquer significado para a alma que não teve um vislumbre disso por si mesma.

Não é possível, nesta curta bússola, dar mais explicações sobre o assunto. Eu só posso pedir encarecidamente ao meu leitor que estude e ore de forma série sobre os escritos de João, especialmente os capítulos 14 a 17 do Evangelho e a primeira Epístola. Será uma alegria indescritível ter um vislumbre do que é estar com o Filho no lugar em que Ele está, e ter o Pai e o Filho fazendo morada dentro si. Veja João 12:26, ​​João 13:8, João 14:3 (não relegue tudo o que está aqui para o futuro, pois, embora seja realmente assim, certamente tem uma aplicação presente) e João 14:23.

Mas não cometa o erro de pensar de porque você conhece que está seguro eternamente, que você conhece o que é ter a vida eterna. Muitos conhecem sua segurança eterna, mas não têm menor ideia da maravilhosa bênção chamada vida eterna, mas porque pensam que a vida eterna significa nada mais do que segurança eterna, eles não são exercitam mais sobre o assunto e talvez passem toda sua vida sem ter a menor apreensão da maravilhosa alegria que existe no atual conhecer da vida eterna.

Que Deus exercite seu coração sobre isso, meu leitor, e que você encontre a plenitude da alegria que há na vida eterna.


Tradução do livro "What is a Christian?" de S.L. Jacob (1845-1911). Disponível em STEM Publishing: https://www.stempublishing.com/authors/Jacob/Jacob_What_is_Christian.html  Traduzido por André Boechat. andreestudosbiblicos.blogspot.com @andre_boechatfelipe

O que é um Cristão? 7/12 Filiação, Vida e Vida Eterna (parte 8)



Não é possível, nesta curta bússola, dar mais explicações sobre o assunto. Eu só posso pedir encarecidamente ao meu leitor que estude e ore de forma série sobre os escritos de João, especialmente os capítulos 14 a 17 do Evangelho e a primeira Epístola. Será uma alegria indescritível ter um vislumbre do que é estar com o Filho no lugar em que Ele está, e ter o Pai e o Filho fazendo morada dentro si. Veja João 12:26, ​​João 13:8, João 14:3 (não relegue tudo o que está aqui para o futuro, pois, embora seja realmente assim, certamente tem uma aplicação presente) e João 14:23.

Mas não cometa o erro de pensar de porque você conhece que está seguro eternamente, que você conhece o que é ter a vida eterna. Muitos conhecem sua segurança eterna, mas não têm menor ideia da maravilhosa bênção chamada vida eterna, mas porque pensam que a vida eterna significa nada mais do que segurança eterna, eles não são exercitam mais sobre o assunto e talvez passem toda sua vida sem ter a menor apreensão da maravilhosa alegria que existe no atual conhecer da vida eterna.

Que Deus exercite seu coração sobre isso, meu leitor, e que você encontre a plenitude da alegria que há na vida eterna.


Tradução do livro "What is a Christian?" de S.L. Jacob (1845-1911). Disponível em STEM Publishing: https://www.stempublishing.com/authors/Jacob/Jacob_What_is_Christian.html  Traduzido por André Boechat. andreestudosbiblicos.blogspot.com @andre_boechatfelipe

domingo, 23 de agosto de 2020

O que é um Cristão? 7/12 Filiação, Vida e Vida Eterna (parte 7)



A vida eterna é comumente imaginada ser a segurança eterna, ou seja, é feita equivalente à expressão "nunca perecer", enquanto que significa infinitamente mais. Sem dúvida, inclui a segurança eterna, mas reduzir seu significado a isso é rebaixar miseravelmente o que Deus considera sobre o assunto.

A vida eterna leva nossos pensamentos de volta quando o Filho estava sozinho com o Pai antes de toda a criação, e é manifesta no Filho de Deus feito carne (I João 1:1-4).

Nada relacionado com a vida eterna é temporário; muito foi feito por nosso bendito Senhor em infinita graça para nossa redenção, e tudo o que Ele fez foi, é claro, sempre perfeito, mas vida eterna está conectada com a vida que Ele tinha com o Pai antes que o mundo existisse e que Ele manifestou aqui de acordo com os escritos do Apóstolo João. Ele morreu, ressuscitou, foi ao Pai e enviou o Espírito Santo para que pudéssemos ter e conhecer a vida eterna como uma possessão presente (João 17:1-3; I João 5:13). Enquanto que em todos os outros escritos a vida eterna é vista como futura, nos escritos de João ela é mostrada como uma possessão presente a ser conhecida e desfrutada agora.  A vida eterna está no Filho (não em Cristo, embora o Filho e Cristo sejam a mesma pessoa, mas as Escrituras distinguem cuidadosamente a relação eterna do Filho do título oficial de Cristo), e se podemos usar uma linguagem muito caseira sem perder a reverência, pode-se dizer que a vida eterna é para nós a vida familiar do Pai e do Filho e que agora é nossa, visto que somos filhos do Pai, e essa vida familiar agora pode ser conhecida e desfrutada como uma bênção presente pelo poder do Espírito de Deus. Essa vida está necessariamente fora das coisas temporais e dos sentidos, a comunhão do Pai e do Filho é tudo em tudo ali. Deve ser experimentada para ser conhecida, nenhuma explicação transmitirá qualquer significado para a alma que não teve um vislumbre disso por si mesma.


Tradução do livro "What is a Christian?" de S.L. Jacob (1845-1911). Disponível em STEM Publishing: https://www.stempublishing.com/authors/Jacob/Jacob_What_is_Christian.html  Traduzido por André Boechat. andreestudosbiblicos.blogspot.com @andre_boechatfelipe

sábado, 22 de agosto de 2020

O que é um Cristão? 7/12 Filiação, Vida e Vida Eterna (parte 6)



Vida nas Escrituras nunca significa mera existência, mas sempre implica saúde, força e alegria, assim como a palavra, às vezes, é usada por aqueles em circunstâncias deprimentes, quando dizem: "Nós não vivemos, nós sobrevivemos*" (veja João 4:50-53; I Tessalonicenses 3:8); e o mero sobreviver espiritual, como é visto no homem em Romanos 7, não é, portanto, chamado de vida espiritual. A vida é encontrada no capítulo oitavo, no qual está escrito: "O Espírito é vida, por causa da justiça". Ninguém pode dizer que tem vida nesse sentido a menos que tenha o Espírito, embora uma obra de Deus possivelmente tenha começado em sua alma e, se assim for, ele nunca estará perdido.

Além disso, mesmo que o Espírito seja vida, nós, ao pensar na vida, não devemos olhar para dentro, mas para Cristo, como está escrito: "Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; Porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória" (Colossenses 3:1-4).

A ideia aqui quanto à nossa vida não é a sua segurança, embora, é claro, estejamos seguros, mas onde e em quem ela está, a saber: em Cristo no céu. A esfera da nossa vida não é a terra, mas o céu, e todas as fontes, força e prazer vêm de lá, embora, quanto aos nossos corpos, estejamos na terra como peregrinos e estranhos.

Então, em Gálatas 2:20 o Apóstolo Paulo diz: "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim". Aqui Cristo vive nele, mas evidentemente toda a Epístola mostra que ele não está ocupado com Cristo em seu interior, mas com Cristo na glória.

Ninguém pode realmente tomar para si as palavras do apóstolo até que ele também tenha aceitado a morte com Cristo em sua própria alma como sua porção aqui, e esteja contente em ter sua fonte de vida originada da glória em vez da terra, como costumava fazer.


*Nota do tradutor: Ou quando falamos que estamos "apenas respirando" ou no sentido de estar "desperdiçando a vida" dizemos: "isso não é viver", "isso não é vida".


Tradução do livro "What is a Christian?" de S.L. Jacob (1845-1911). Disponível em STEM Publishing: https://www.stempublishing.com/authors/Jacob/Jacob_What_is_Christian.html  Traduzido por André Boechat. andreestudosbiblicos.blogspot.com @andre_boechatfelipe

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

O que é um Cristão? 7/12 Filiação, Vida e Vida Eterna (parte 5)



Com a questão de ser um filho de Deus e conhecer a Deus como Pai, a verdade da vida eterna está intimamente conectada, pois a presente vida eterna é o conhecimento do Pai no Filho, como está escrito: "Assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos quantos lhe deste. E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (João 17:2-3). Os santos do Antigo Testamento nasceram de Deus, mas a vida e a incorruptibilidade só foram trazidas à luz pelo Evangelho (II Timóteo 1:10). Foi somente com a aparição do Filho que o poder e o caráter da vida que vem de Deus se tornaram conhecidos. O Senhor disse: "eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância" (João 10:10). Essa vida mais abundante é evidentemente vida eterna. É apenas o Apóstolo João que traz a verdade da presente vida eterna, em outras partes das Escrituras, ela é esperada para o futuro (como Romanos 6:22); embora encontremos bastantes referências nas Epístolas do Apóstolo Paulo sobre a vida como uma coisa presente.


Tradução do livro "What is a Christian?" de S.L. Jacob (1845-1911). Disponível em STEM Publishing: https://www.stempublishing.com/authors/Jacob/Jacob_What_is_Christian.html  Traduzido por André Boechat. andreestudosbiblicos.blogspot.com @andre_boechatfelipe

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

O que é um Cristão? 7/12 Filiação, Vida e Vida Eterna (parte 4)



Apenas mais uma reflexão antes que o assunto seja encerrado, que é implorar ao leitor que tome cuidado com o pensamento maligno que agora é tão predominante, a saber: a assim chamada paternidade universal de Deus. O apóstolo João diz que o mundo nem mesmo conhece os filhos de Deus (I João 3:1); fala também dos filhos de Deus e dos filhos do diabo (I João 3:8-10), mostrando claramente que nada conhece desta paternidade universal. O Senhor Jesus diz a mesma coisa (veja João 8:44). Na verdade, a paternidade universal de Deus transtorna completamente toda a verdade da missão e obra de Cristo, pois somos muito claramente ensinados que Ele veio para nos redimir (para fora) do mundo (João 17:6; Gálatas 1:4). Leitor, tenha cuidado para não ser levado por uma doutrina tão má que desonra terrivelmente a verdade de Deus, tendo nessa doutrina alguma verdade (veja Atos 17:29) suficiente para tornar seu veneno muito mortal.


Tradução do livro "What is a Christian?" de S.L. Jacob (1845-1911). Disponível em STEM Publishing: https://www.stempublishing.com/authors/Jacob/Jacob_What_is_Christian.html  Traduzido por André Boechat. andreestudosbiblicos.blogspot.com @andre_boechatfelipe

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

O Que é um Cristão? 7/12 Filiação, Vida e Vida Eterna (parte 3)



Gálatas 4:1-11 é claro em nos mostrar que o lugar de filho só poderia ser conhecido e desfrutado depois que a obra de Cristo tivesse sido terminada e o Espírito Santo tivesse vindo. Não é apenas o novo nascimento que é preciso, mas também a habitação do Espírito Santo para dar o gozo da filiação e, portanto, o lugar, o privilégio e a liberdade do lugar de filho não poderiam ser desfrutados antes do dia de Pentecostes, e procuramos em vão por isso no Antigo Testamento. Como, então, podemos tomar os Salmos como a expressão da adoração cristã apropriada, visto que eles expressam os sentimentos daqueles que estavam sob a lei e a servidão? (Embora, é claro, sejam declarações perfeitas sob essas circunstâncias). O Cristão, entretanto, não está sob a lei; ele tem a liberdade da filiação e, quando voluntariamente se coloca sob a lei, como (infelizmente!) é feito pela massa de cristãos de todas as seitas e denominações, ele entristece o Espírito e fere o coração do amoroso Pai. A lei é santa, justa e boa, e é perfeita como regra para o homem na carne, mas Cristo os redimiu, os que estavam debaixo da lei; e se nós agora, depois que Cristo ressuscitou, retornamos à lei, com suas regras, religião e ordenanças adequadas ao homem na carne, mas mostradas totalmente impotentes para ajudá-lo porque é ele um pecador incapaz de ser ajudado, nós voltamos para aquilo que a morte de Cristo colocou de lado e, assim, praticamente dizemos que Cristo morreu em vão (veja Gálatas 2:20). Toda a Epístola aos Gálatas está ligada a esse assunto, e quão severamente o Apóstolo trata desse grande pecado. Quão triste é então o estado atual da Cristandade, na qual a lei, a servidão e a distância são ensinadas como posição e experiência cristã apropriadas, e na qual a liberdade do lugar de filho é quase desconhecida. Leitor, você aceitará a liberdade de Deus ou, para agradar aos homens, se colocará sob o jugo dos mandamentos e tradições dos homens (veja Mateus 15:9), e assim permanecerá em servidão? Você não sairá de tudo o que é do homem para descansar totalmente na infinita sabedoria, amor e poder do Pai?


Tradução do livro "What is a Christian?" de S.L. Jacob (1845-1911). Disponível em STEM Publishing: https://www.stempublishing.com/authors/Jacob/Jacob_What_is_Christian.html  Traduzido por André Boechat. andreestudosbiblicos.blogspot.com @andre_boechatfelipe

terça-feira, 11 de agosto de 2020

O que é um Cristão? 7/12 Filiação, Vida e Vida Eterna (parte 2)



Onde a palavra "teknon", uma "criança", é usada, a afeição que a criança recebe como o objeto do coração do Pai está mais em vista; enquanto que onde é usada a palavra "huios", um "filho" traz a ideia do pleno privilégio e honra da filiação e de ser um herdeiro. O Apóstolo Paulo  usa os dois termos, enquanto o apóstolo João usa o primeiro apenas, embora infelizmente em nossa tradução para o Inglês* as palavras "criança" e "filho" sejam frequentemente transpostas. Um dos grandes objetivos pelos quais o Senhor Jesus veio a esta terra foi revelar o Pai. Essa verdade é especialmente exposta no Evangelho de João; e, aparentemente, antes de deixar a cruz, o desejo de revelar o nome do Pai, da maneira que só poderia ser feita após Sua ressurreição, estava especialmente em Seu coração, pois está escrito (aparentemente sobre o pensamento de Cristo na cruz): "declararei o Teu nome (isto é, o nome do Pai) aos meus irmãos" (Salmo 22:22). Portanto, Sua primeira mensagem aos Seus discípulos quando Ele ressuscita dos mortos é: "vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus" (João 20:17); mostrando-lhes assim que agora possuíam o mesmo relacionamento que Ele mesmo. Note, você nunca tem a expressão "Pai celestial" ou "Pai nosso que estás no céu", seja na Epístola de João ou nas Epístolas, mas somente nos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas. Essa expressão se refere a um povo terreno olhando para Deus seu Pai no céu, e foi usado por Cristo para ver se o conhecimento de Deus como o Pai Celestial dele, produziria frutos do coração do homem, que tinha sido tão infiel debaixo da lei. Mas, como todos os outros remédios, isso não adiantaria. Cristo deveria morrer, nada mais iria ajudar o homem pecador. Portanto, Cristo morreu e ressuscitou e subiu às alturas, mas de agora em diante o povo de Deus é um povo celestial, porque Cristo está no céu, e Deus não é chamado de Pai Celestial, mas de nosso Deus e Pai, porque estamos em Espírito conectados com Ele no céu no lugar onde o Filho está.


*Nota do tradutor: do mesmo modo para o Português.


Tradução do livro "What is a Christian?" de S.L. Jacob (1845-1911). Disponível em STEM Publishing: https://www.stempublishing.com/authors/Jacob/Jacob_What_is_Christian.html  Traduzido por André Boechat. andreestudosbiblicos.blogspot.com @andre_boechatfelipe

sábado, 8 de agosto de 2020

O que é um Cristão? 7/12 Filiação, Vida e Vida Eterna (parte 1)

Filiação, Vida e Vida Eterna

Quando o filho pródigo estava dificilmente caminhando de volta para casa, o pensamento em seu coração era: "Oh, se ao menos eu pudesse conseguir o lugar de um servo"; e de fato naturalmente a criatura poderia, mesmo não caída, nunca buscar nada mais alto do que ser serva do bom Deus e Criador. Que privilégio ser permitido poder servir a Deus como nosso Mestre, fazendo nossa obra sob Seu olhar vigilante e cuidado terno. Quão maravilhoso é então, que o coração de Deus não possa ser satisfeito sem dar aos Seus redimidos o lugar de filhos. Não é de se admirar que o Apóstolo exclama assim: "Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso o mundo não nos conhece; porque não o conhece a ele" (I João 3:1). Quão pouco conhecemos o coração de Deus, quão pouco entramos em Seu deleite no Evangelho, quão pouco entendemos que o Evangelho não apenas atende às necessidades do homem, mas a necessidade que Deus tinha. Ele precisava de uma maneira de tornar conhecidas as riquezas de Seu amor e graça, e vendo que elas nunca poderiam ser exibidas pela criação, portanto Ele permitiu (não podemos dizer que Ele causou) a entrada do pecado, para que Seu coração pudesse ser plenamente manifestado no Homem Cristo Jesus e àqueles a quem predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos (Romanos 8:29). E, oh! Quão bendito é este pensar, esses irmãos têm o direito de saber agora o que todo o mundo saberá no futuro, que o Pai os ama com o amor com que amou Seu Filho (João 17:23). Leitor, você sabe o que é ser um filho, não apenas um filho adotivo, mas um filho no sentido mais amplo da palavra? Muitos que conhecem um pouco do assunto, não vão além disto: que Deus nos adotou. Mas a palavra grega "huiothesia", que é traduzida como "adoção" (veja Romanos 8:15, Romanos 9:4, Gálatas 4:5, Efésios 1:5; esses são os únicos lugares nos quais a palavra é usada a não ser Romanos 8:23, no qual tem outro significado e se aplica à redenção do corpo) significa o pleno lugar e privilégio da filiação e não o significado da nossa palavra adoção. Quando falamos de adoção, queremos dizer de alguém que não é realmente um filho, ele não tem a natureza interior de seu pai adotivo. Mas nós, os que cremos, não somente somos nascidos de Deus, como está escrito: "Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus" (João 1:12-13); mas também temos o Espírito Santo habitando em nós para dar-nos o sentido íntimo de relacionamento (Romanos 8:15-16; Gálatas 4:6-7), e para tornar-nos intimamente um com o Pai e o Filho (João 14:20).


Tradução do livro "What is a Christian?" de S.L. Jacob (1845-1911).
Disponível em STEM Publishing: https://www.stempublishing.com/authors/Jacob/Jacob_What_is_Christian.html  Traduzido por André Boechat. andreestudosbiblicos.blogspot.com @andre_boechatfelipe

quinta-feira, 30 de julho de 2020

O que é um Cristão? 6/12 Morte e Ressurreição de Cristo (completo)

Morte e Ressurreição de Cristo

Está escrito que "Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado" (Romanos 4:7-8); e aquele a quem Deus chama de bem-aventurado deve de fato ser bem-aventurado. E ainda assim há uma bênção ainda maior do que o fato de que Cristo morreu pelos meus pecados, a saber: que ele morreu por mim; para que não apenas meus pecados fossem jogados fora de uma vez para sempre (tão completamente jogados fora que Deus nunca mais se lembrará deles); - mas também que eu, como homem natural, filho de Adão, deixei de existir, quanto ao meu antigo estado¹ diante de Deus. Está escrito: "Já estou" (ou mais corretamente "eu fui²") "crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim" (Gálatas 2:20). Assim, houve um fim para o homem natural Saulo, e foi Cristo quem representou o novo Paulo diante de Deus. O que era verdade no apóstolo Paulo é verdade para todo cristão verdadeiro diante de Deus, por mais mesquinho e débil que ele possa ser; pois não se trata de recompensa por um serviço fiel, mas sim o dom gratuito de Deus para todos os que vêm a Ele por meio de Jesus Cristo. O apóstolo Paulo pode ter entrado muito mais profundamente no significado dessa verdade do que eu ou você; mas, se somos cristãos verdadeiros, isso é tão verdadeiro para nós quanto para ele,pois está escrito: "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura" (ou melhor, "criação") "é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. E tudo isto provém de Deus" (II Coríntios 5:17-18).

¹Nota do tradutor: estado ou ser
²Nota do tradutor: "eu fui" ou "já estive"

E aqui é bom emitir uma nota de aviso. Não há nada mais comum do que ouvir muitos dizerem quando uma verdade é apresentada a eles: "Oh! Eu não sinto isso" e então, em razão da experiência deles, rejeitam a verdade. Fazer isso, porém, é muito iníquo, pois é praticamente estar nos colocando acima de Deus e é a própria essência do orgulho. A verdadeira humildade aceita como verdade tudo o que Deus diz e se alegra nas bênçãos: enquanto o orgulho e a incredulidade persistem, não é possível desfrutar das bênçãos porque Deus não está sendo crido. Esse é especialmente o caso da última passagem citada, pois a experiência dirá: "Oh! Não sinto que as coisas velhas já passaram, que tudo se fez novo e provém de Deus". A fé, pelo contrário, diz: "Eu sei que é verdade, porque creio em Deus". E o conhecimento das bênçãos assim recebidas pela fé não podem deixar de dar grande alegria. Aqueles que são ignorantes de Deus e Seus caminhos, estão sempre prontos para apregoar orgulho sempre que veem alguém aceitando com simplicidade as bênçãos que Deus assim livremente dá e se regozijando nelas; mas, na verdade, aqueles que aceitam são os humildes, e aqueles que se recusam a fazer assim, os orgulhosos. O segredo da recusa é, sem dúvida, o orgulho; pois a depravação total do homem natural não é aceita, e ainda se busca algo bom dentro de si; e, até que essa verdade seja aceita, nunca se poderá saber o que é estar "em Cristo" e não "em Adão", de forma alguma. Quando, no entanto, pela graça de Deus, uma alma é levada a aceitar a verdade, não apenas por ter cometido pecado, mas por ser tão corrupto, em sua natureza de Adão até o âmago, que ele não poderia ser melhorado (veja Romanos 8:7-8), e que a única coisa a ser feita a ele era, judicialmente, colocá-lo de lado totalmente pela cruz de Cristo e colocá-lo fora da vista de Deus; então, e não até então, ele será capaz de se alegrar com a bendita verdade de não estar mais em Adão, mas em Cristo. Assim, ele aprende que não apenas é perdoado e não condenado, mas também que mesmo aquele que cometeu os pecados deixou de existir judicialmente diante de Deus. Em Romanos 1:1 a 5:11, a questão dos pecados é abordada, e o completo perdão e justificação são trazidos à luz; de Romanos 5:12 a 8:39, um novo assunto é introduzido, não o dos pecados, mas do pecado, isto é, não são mais os pecados que cometi que estão em questão, mas a natureza corrupta que cometeu esses pecados. Pelos meus pecados há perdão; para a natureza corrupta não pode haver perdão, é, portanto, julgada e posta de lado por completo. O velho homem (isto é, a natureza corrupta de Adão) é crucificado e sepultado com Cristo (o batismo é o símbolo desse sepultamento), Romanos 6:3-6; e nós, os que cremos, que estávamos mortos em ofensas e pecados, somos agora vivos para Deus: "Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte. Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou" [isto é, pôs de lado] "o pecado na carne" (Romanos 8:2-3); De modo que agora, nós que cremos em Cristo, temos o direito de considerar-nos mortos de fato para o pecado, mas vivos para Deus por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor (Romanos 6:11). De fato, teremos que carregar a natureza corrupta conosco, mas temos o direito de considerá-la um cadáver; sabemos que Deus a deixou de lado; e não estamos mais sujeitos a ela, pois fomos libertados pelo Espírito de Deus para que possamos andar em novidade de vida.

Pode ser que o assunto deste capítulo possa parecer difícil para o leitor, e é verdade que muitos que conhecem o perdão dos pecados ignoram completamente essa verdade adicional e pensam que a última parte do sétimo capítulo de Romanos é uma expressão da experiência Cristã apropriada, em vez de ser a experiência de alguém em cativeiro e ainda não libertado; enquanto que no oitavo capítulo obtemos a experiência apropriada para o Cristão. Peço a você, meu leitor, que não fique satisfeito até que você tenha aprendido de Deus o significado de estar "em Cristo" e não "em Adão"; de ser libertado e não em cativeiro; de estar no Espírito e não na carne (Romanos 8:9); de ter morrido com Cristo e estar vivo em novidade de vida. Tudo isso é uma questão de importância indescritível, e até que entendamos seu significado, faremos pouco progresso na vida espiritual.

A dificuldade reside nisto, que para entrar nessa verdade, deve haver a aceitação prática da morte com Cristo no poder do Espírito de Deus, e essa é a última coisa que estamos naturalmente dispostos a fazer. Nós nos apegamos à crença de que podemos melhorar, educar ou regular a carne, e que é somente após repetidas lutas, cujo caráter é descrito em Romanos 7, que uma alma está sempre disposta a aceitar a libertação através da morte, isto é, morrer no sentido de sua própria alma, a fim de que tal indivíduo possa estar vivo para Deus.

A assim chamada santidade pela fidelidade é na verdade santidade sem morrer e portanto não é a coisa real; mas é aceito por muitos porque todos gostaríamos de santidade sem ter que aceitar a morte. Desejamos muito estimar as melhores coisas da carne e evitar a aplicação da morte a elas no poder do Espírito de Deus.

Peço ao leitor sinceramente que pondere sobre essas coisas, pois é pela não aceitação dessa verdade que o crescimento é frequentemente interrompido por anos, e também muitos na verdade nunca a aprendem.

Na Epístola aos Colossenses, outro passo a frente nos é mostrado, pois não estamos lá meramente vivos para Deus, mas "ressuscitados com Cristo" (Colossenses 3:1). A Epístola aos Efésios vai ainda mais longe e diz: "E nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus" (Efésios 2:6-7). Não ainda "com" Cristo Jesus, mas "em" Cristo Jesus. Ou seja, Deus nos uniu a Ele pelo Espírito, Ele nos vê nEle, e onde Ele está, é o nosso lugar; pois estamos "nEle". Há uma bela ilustração disso em Josué 3 e 4. Doze pedras são colocadas no meio do Jordão onde os pés dos sacerdotes estavam, as águas do Jordão são jogadas sobre elas e são perdidas de vista para sempre. Essas doze pedras, uma para cada tribo, mostram como aos olhos de Deus o velho homem é crucificado, morto e sepultado com Cristo. Então outras doze pedras são retiradas do mesmo local e colocadas em Canaã para serem um memorial para os filhos de Israel para sempre, simbolizando assim a ressurreição com Cristo e o assentar-se em lugares celestiais (nosso verdadeiro Canaã) em Cristo, para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus (Efésios 2:6-7). Que verdades maravilhosas são essas; nosso antigo estado morreu judicialmente para sempre diante de Deus, e nós mesmos nos separamos pela morte e ressurreição do próprio lugar de condenação - daquele mundo ao qual pertencíamos - e fomos trazidos para uma nova esfera onde todas as coisas são novas, e todas as coisas são de Deus! No corpo, é claro, ainda estamos na velha criação, e, como tal, gememos em simpatia com uma criação que geme ao nosso redor (Romanos 8:23); mas que bênção é saber que, enquanto estamos no corpo, não somos do mundo, mas somos enviados ao mundo como Cristo também foi, para estar nele como Ele estava; porque, espiritualmente falando, tanto em obra como em verdade, estamos tão distantes do mundo quanto a morte e a ressurreição com Cristo podem nos fazer estar.

Que verdade maravilhosa e bendita é esta e, no entanto, tão pouco conhecida; e mesmo quando apresentadas pelos ensinadores os quais Deus levantou, quão poucos a aceitarão. Infelizmente, a razão para isso deve ser bem triste; tem sido bem dito que o perdão dos pecados nunca separou um homem do mundo, mas uma vez que a verdade da morte e ressurreição com Cristo seja realmente aceita, não apenas como mera doutrina, mas como uma realidade prática profunda, então não poderia deixar de separar, o que tem essa bênção, dos caminhos daquele mundo que crucificou o Senhor da glória. Ah! Lamentavelmente a separação dos caminhos do mundo, especialmente dos caminhos religiosos do mundo (e esses são mais odiosos para Deus do que qualquer outra coisa do mundo), é exatamente o que tão poucos estão dispostos a aceitar. Os "Abraões" são poucos, os "Lós" são muitos e é por isso que tão poucos conhecem e desfrutam das bênçãos e privilégios que verdadeiramente pertencem a todo Cristão. A ressurreição com Cristo só pode ser desfrutada na prática quando somos separados do mundo; ficando no mundo, não para desfrutar do mundo, mas para testemunhar contra ele de que suas obras são más (João 7:7); por isso está escrito: "Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia" (João 15:19).

Leitor, lembre-se de que o mundo Cristão do século XX*, como é chamado, nada mais é senão o mundo, afinal, governado pela concupiscência dos olhos, pela concupiscência da carne e pela soberba da vida: e se você não estiver disposto a ser odiado por ele, tenha certeza de que você nunca, enquanto estiver na terra, desfrutará do poder da vida de ressurreição com Cristo. Que Deus conceda que você possa ver tanta beleza em Cristo que de bom grado você aceitará a ofensa da cruz por Sua causa, e poderá dizer com o Apóstolo "Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo" (Gálatas 6:14). Você poderá ter que sofrer aqui embaixo, mas receberá cem vezes tanto já neste tempo, e a alegria de Cristo fará com que você se regozije com uma alegria indescritível e cheia de glória, mesmo neste mundo de tristeza.

*Nota do tradutor: este livro foi escrito no início do século XX. Quanto mais verdadeiro é este fato sobre este mundo neste século XXI!


Tradução do livro "What is a Christian?" de S.L. Jacob (1845-1911). Disponível em STEM Publishing: https://www.stempublishing.com/authors/Jacob/Jacob_What_is_Christian.html  Traduzido por André Boechat. andreestudosbiblicos.blogspot.com @andre_boechatfelipe

O que é um Cristão? 6/12 Morte e Ressurreição de Cristo (parte 7)



Leitor, lembre-se de que o mundo Cristão do século XX*, como é chamado, nada mais é senão o mundo, afinal, governado pela concupiscência dos olhos, pela concupiscência da carne e pela soberba da vida: e se você não estiver disposto a ser odiado por ele, tenha certeza de que você nunca, enquanto estiver na terra, desfrutará do poder da vida de ressurreição com Cristo. Que Deus conceda que você possa ver tanta beleza em Cristo que de bom grado você aceitará a ofensa da cruz por Sua causa, e poderá dizer com o Apóstolo "Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo" (Gálatas 6:14). Você poderá ter que sofrer aqui embaixo, mas receberá cem vezes tanto já neste tempo, e a alegria de Cristo fará com que você se regozije com uma alegria indescritível e cheia de glória, mesmo neste mundo de tristeza.


*Nota do tradutor: este livro foi escrito no início do século XX. Quanto mais verdadeiro é este fato sobre este mundo neste século XXI!


Tradução do livro "What is a Christian?" de S.L. Jacob (1845-1911). Disponível em STEM Publishing: https://www.stempublishing.com/authors/Jacob/Jacob_What_is_Christian.html  Traduzido por André Boechat. andreestudosbiblicos.blogspot.com @andre_boechatfelipe

quarta-feira, 29 de julho de 2020

O que é um Cristão? 6/12 Morte e Ressurreição de Cristo (parte 6)



Que verdade maravilhosa e bendita é esta e, no entanto, tão pouco conhecida; e mesmo quando apresentadas pelos ensinadores os quais Deus levantou, quão poucos a aceitarão. Infelizmente, a razão para isso deve ser bem triste; tem sido bem dito que o perdão dos pecados nunca separou um homem do mundo, mas uma vez que a verdade da morte e ressurreição com Cristo seja realmente aceita, não apenas como mera doutrina, mas como uma realidade prática profunda, então não poderia deixar de separar, o que tem essa bênção, dos caminhos daquele mundo que crucificou o Senhor da glória. Ah! Lamentavelmente a separação dos caminhos do mundo, especialmente dos caminhos religiosos do mundo (e esses são mais odiosos para Deus do que qualquer outra coisa do mundo), é exatamente o que tão poucos estão dispostos a aceitar. Os "Abraões" são poucos, os "Lós" são muitos e é por isso que tão poucos conhecem e desfrutam das bênçãos e privilégios que verdadeiramente pertencem a todo Cristão. A ressurreição com Cristo só pode ser desfrutada na prática quando somos separados do mundo; ficando no mundo, não para desfrutar do mundo, mas para testemunhar contra ele de que suas obras são más (João 7:7); por isso está escrito: "Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia" (João 15:19).


Tradução do livro "What is a Christian?" de S.L. Jacob (1845-1911). Disponível em STEM Publishing: https://www.stempublishing.com/authors/Jacob/Jacob_What_is_Christian.html  Traduzido por André Boechat. andreestudosbiblicos.blogspot.com @andre_boechatfelipe