segunda-feira, 22 de junho de 2020

O que é um Cristão 4/12 Justificação e Santificação (completo)

Justificação e Santificação

O crente não é apenas perdoado, mas também é justificado - isto é, considerado justo. E bendito seja o nome de Deus, que Ele é justo ao fazer isso em virtude da obra do Senhor Jesus Cristo. "Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; sendo justificados livremente pela Sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus; a quem Deus propôs como propiciação pela fé no Seu sangue, para demonstrar a Sua justiça ao deixar passar os pecados antes cometidos" (tradução literal) "pela paciência de Deus; para demonstrar, neste tempo presente, a Sua justiça; para que Ele seja justo e o justificador daquele que crê em Jesus". (Romanos 3:23-26). Isso nos mostra que, antes da morte e ressurreição de Cristo, só era justamente possível que Deus deixasse passar os pecados dos crentes do Antigo Testamento, em virtude do que Ele ainda iria fazer; eles não poderiam ser justificados, pois Cristo ainda não havia morrido. Mas agora, desde a ressurreição de Cristo, bendito seja o Seu nome, nós que cremos somos não apenas perdoados, mas justificados. Um homem pode perdoar a outro por um pecado cometido contra ele; mas nenhum homem pode justificar outro homem; você pode perdoar a um ladrão, mas não pode justificá-lo. Mas Deus justifica o pecador que crê em Jesus. É como se tivéssemos ido à vara do julgamento; tivéssemos sido provados culpados e totalmente sem desculpa; e ainda assim, de uma maneira maravilhosa, tivéssemos conseguido sair daquela vara, não apenas absolvidos, mas até mesmo sem nem sequer uma mancha em nosso caráter.

Um criminoso perdoado nunca poderia se sentir confortável na presença de seu juiz e nem mesmo na de homens honestos. Mas, bendito seja o nome de Deus, não somos apenas criminosos e pecadores perdoados; mas justificados, ou seja, somos positivamente considerados justos; e, portanto, estamos em paz com Deus e podemos nos sentir confortáveis em Sua presença; como está escrito: "ora, não só por causa dele está escrito, que lhe fosse tomado em conta, mas também por nós, a quem será tomado em conta, os que cremos naquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus nosso Senhor; o qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação. Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus" (Romanos 4:23-25; 5:1-2). Isso é ainda mais fortemente colocado nos versículos: "Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus" (II Coríntios 5:21), "Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus ... justiça" (I Coríntios 1:30), "Dando graças ao Pai que nos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz" (Colossenses 1:12). Quão claramente esses versículos nos mostram que o crente não apenas é perdoado, mas também é considerado positivamente justo e, portanto, adequado à presença do próprio Deus. Mas lembre-se, meu caro leitor, de que isso não é em virtude de qualquer coisa que o crente tenha feito ou fará; mas simplesmente e unicamente em virtude da graça de Deus e da obra de Cristo. Essa verdade é outra vez muito claramente exposta nos tipos do Antigo Testamento da oferta pelo pecado e da oferta queimada/holocausto (Levítico 1-7). Em cada uma dessas ofertas, o ofertante pôs a mão na cabeça do animal inocente a ser oferecido; e o significado dessa imposição de mãos era de que o ofertante estava assim identificado com a vítima. Existe, no entanto, esta grande diferença entre as ofertas. A carcaça da oferta pelo pecado foi tratada como uma coisa amaldiçoada e queimada fora do arraial, mostrando que nosso pecado foi transferido para Cristo, e Ele foi amaldiçoado por nós (veja Gálatas 3:13); enquanto que o holocausto, que foi totalmente queimado como um aroma agradável a Deus no altar, mostra que a aceitabilidade de Cristo é transferida para nós que cremos. Para colocar em linguagem simples, Cristo tomou o nosso lugar, foi tratado como nós merecíamos, para que pudéssemos ter o Seu lugar diante de Deus e sermos tratados como Ele merecia. Não é de se admirar, então, que o crente possa entrar com ousadia no Santo dos Santos, ou seja, na própria presença de Deus, através do sangue de Jesus (Hebreus 10:19). Não é de se admirar que o pobre pródigo pecador seja recebido com tanto amor; esteja vestido com a melhor túnica, com o anel, com os sapatos, é dado o lugar de filho e se regozija à mesa do pai; visto que, ao fazer tudo isso, Deus está apenas mostrando a todos o deleite inexprimível que Ele sente na obra e na pessoa de Jesus Cristo, Seu Filho. Quando podemos medir o quão Cristo é estimado por Deus, podemos medir as bênçãos que pertencem a todos quantos vêm a Deus por meio de Cristo; pois um é a medida do outro.

Leitor, você já aprendeu que não apenas Deus o perdoou, mas que Ele se deleita positivamente em você, em virtude daquilo que Ele vê (não em você, observe, mas) em Jesus Cristo? O homem que não aprendeu o deleite de Deus na recepção do pecador e no torná-lo adequado a Sua presença aprendeu, na melhor das hipóteses, apenas um meio Evangelho. Ah! Lamentavelmente tem sido considerado um sinal de humildade o ficar bem longe, sob a sombra das trevas do Sinai e da lei, e clamar a Deus para não tomar vingança dos nossos pecados, nem dos pecados de nossos antepassados, mas para nos poupar, e não se irar conosco para sempre, e recusar a luz, o afeto e a alegria da casa do Pai, e assim ferir o coração do Pai e lançar um insulto sobre a obra do bendito Senhor Jesus. Infelizmente, tem sido considerado humildade fazer de Deus um mentiroso. Então marque tudo isto, meu leitor, que tudo o que é dito aqui é de posse devida e normal a todo cristão: ou seja, é minha, tanto quanto do Apóstolo Paulo, pois é apenas em virtude do que Cristo é e o que Ele fez, não tendo nada a ver com o nosso andar e realizações cristãs. E aquele que diz: "Bem, eu não tenho essa bênção", na prática está dizendo (por incredulidade), que ele não possui o lugar do Cristão de forma alguma.

Mas o Cristão não é apenas justificado, ele também é santificado; ele é um santo (observe que as Escrituras não dizem, como os homens pregam, que alguns poucos Cristãos mortos são santos, mas, pelo contrário, que todos os Cristãos vivos são santos). Isso pode surpreender alguns que estão acostumados com a expressão teológica usual, que justificação é um ato feito de uma só vez e que santificação é gradual e progressiva. Não se nega, é claro, que exista tal coisa como uma santificação gradual, isto é, um aumento de santidade do andar do indivíduo que, permanecendo no Filho, cresce de uma criança pequena para um jovem e de um jovem para um pai na família de Deus (veja I João 2:13; Efésios 5:26). Esse crescimento é uma questão de profunda importância e Deus nos livre de fazer pouco caso disso. Não obstante, ousadamente se afirma que o Cristão das Escrituras, segundo uso comum do termo, é um santificado, ou santo: entende-se, não apenas os especialmente santos no andar, mas aquele que é separado para Deus, pelo chamado de Deus. O Apóstolo Paulo, depois de enumerar uma lista terrível de pecados, prossegue dizendo: "Tais fostes alguns; mas fostes lavados, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus" (I Coríntios 6:11). No segundo verso do primeiro capítulo da Epístola, Paulo escreve aos coríntios, os quais são santificados em Cristo Jesus, chamados santos. Esta última expressão não é muito clara no Inglês*. No Grego é bastante claro "santos por chamamento"; isto é, pelo chamado de Deus. Em Hebreus 10:10 está escrito: "Na qual vontade" (a saber, a vontade de Deus) "temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez". O Apóstolo Judas também fala dos crentes como "santificados por Deus o Pai" (versículo 1). E deve-se ter em mente que Jesus Cristo é a nossa Santificação, assim como a nossa Justiça (I Coríntios 1:30). Essa santificação será melhor compreendida pelas palavras de nosso Senhor: "E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade" (João 17:19). É evidente que o Senhor não poderia ser feito santo, porque Ele sempre foi santo; mas Ele foi separado como O Santo para um propósito especial: e assim os crentes são separados como santificados, ou santos; não pela santidade do andar, mas pelo chamado e vontade de Deus, embora o resultado dessa santificação deva ser, de fato deva ser, a santidade do andar. Qualquer um que pegue uma concordância bíblica e procure a palavra "santos" encontrará que, em Atos e nas Epístolas, os crentes são chamados santos mais de cinquenta vezes, e que a palavra é sempre aplicada a todos os crentes, e nunca para certos crentes especiais, cujo andar era mais santo do que o dos outros. Além disso, Deus nunca chama crentes de pecadores. Pelo contrário, a Escritura diz: "sendo nós ainda pecadores" (Romanos 5:8); claramente implicando que não somos assim agora. A passagem em I Timóteo 1:15, que às vezes é mencionada, é dita pelo Apóstolo Paulo sobre si mesmo e nisso ele está se referindo ao que ele fez no seu estado não convertido. Portanto, é muito evidente que o povo de Deus é, aos Seus olhos, santificado ou santo, e não pecador.

Objetores certamente dirão: "Então você está dizendo que vocês, santos, nunca pecam?" Não é assim. A definição comum de pecador é a de alguém que às vezes peca; nesse caso então é naturalmente assumido que um santo é aquele que nunca peca. Mas, segundo Deus, um pecador não é aquele que às vezes peca, mas aquele que sempre peca, que nunca faz nada além de pecar, pois ele é um inimigo de Deus e um incrédulo, e, como tal, réprobo para toda boa obra (Tito 1:16). Ele não é reconciliado com Deus e, portanto, tudo o que faz é pecado (veja Provérbios 15:8; Provérbios 21:4,27). O santo, pelo contrário, é reconciliado e pode agradar a Deus (veja I Tessalonicenses 4:1), embora (infelizmente!) ele nem sempre faz isso; porque todos tropeçamos em muitas coisas (Tiago 3:2). Assim, vimos no testemunho inconfundível das Escrituras que todos os Cristãos verdadeiros são justificados ou considerados justos, e são feitos prontos para a glória; eles também são santificados, ou feitos santos, pela vontade de Deus, por meio da oferta de Jesus Cristo e pelo Espírito Santo.


*Nota do tradutor: do mesmo modo no Português.


Tradução do livro "What is a Christian?" de S.L. Jacob (1845-1911). Disponível em STEM Publishing: https://www.stempublishing.com/authors/Jacob/Jacob_What_is_Christian.html  Traduzido por André Boechat. andreestudosbiblicos.blogspot.com @andre_boechatfelipe

O que é um Cristão? 4/12 Justificação e Santificação (parte 5)



Objetores certamente dirão: "Então você está dizendo que vocês, santos, nunca pecam?" Não é assim. A definição comum de pecador é a de alguém que às vezes peca; nesse caso então é naturalmente assumido que um santo é aquele que nunca peca. Mas, segundo Deus, um pecador não é aquele que às vezes peca, mas aquele que sempre peca, que nunca faz nada além de pecar, pois ele é um inimigo de Deus e um incrédulo, e, como tal, réprobo para toda boa obra (Tito 1:16). Ele não é reconciliado com Deus e, portanto, tudo o que faz é pecado (veja Provérbios 15:8; Provérbios 21:4,27). O santo, pelo contrário, é reconciliado e pode agradar a Deus (veja I Tessalonicenses 4:1), embora (infelizmente!) ele nem sempre faz isso; porque todos tropeçamos em muitas coisas (Tiago 3:2). Assim, vimos no testemunho inconfundível das Escrituras que todos os Cristãos verdadeiros são justificados ou considerados justos, e são feitos prontos para a glória; eles também são santificados, ou feitos santos, pela vontade de Deus, por meio da oferta de Jesus Cristo e pelo Espírito Santo.


Tradução do livro "What is a Christian?" de S.L. Jacob (1845-1911). Disponível em STEM Publishing: https://www.stempublishing.com/authors/Jacob/Jacob_What_is_Christian.html  Traduzido por André Boechat. andreestudosbiblicos.blogspot.com @andre_boechatfelipe