segunda-feira, 15 de junho de 2020

O que é um Cristão? 3/12 Perdão dos pecados (completo)

Perdão dos pecados

Em nosso estado natural, somos todos pecadores, pois somos todos ímpios e inimigos de Deus (ver Romanos 5: 6,10); e somos totalmente incapazes de fazer qualquer coisa para agradar a Deus, como já foi mostrado. Em regra, quando uma pessoa faz a pergunta: "Você é um pecador?" Ele responde com desdém: "Oh! Sim, somos todos pecadores", mas o que ele está querendo dizer com isso? Que simplesmente todos nós às vezes fazemos algo de errado. Contudo, esse não é o significado da palavra pecador, como é usada na palavra de Deus. Aquele a quem Deus chama de pecador é aquele que está afastado de Deus, e todas as suas obras são odiosas a Deus e, portanto, alguém sobre quem a ira de Deus permanece. E a menos que você, meu leitor, esteja disposto a se curvar a esta verdade de que por natureza você é um odiador de Deus e que suas melhores obras não são nada a não ser uma massa de pecado, é inútil prosseguir com este livro. Ninguém jamais entenderá a graça de Deus se não aceitar o fato de o homem estar, como filho de Adão, sem esperança e em ruína total. E a menos que ele veja que ele precisa tanto de se arrepender de seus feitos religiosos, de suas obras de caridade e de suas boas obras (assim chamadas), como ele faz dos seus assim chamados pecados (pois todos são semelhantemente pecados, diante de Deus); ele não pode ser salvo. A fim de sermos realmente abençoados, devemos apenas chegar a isto: que tudo o que fizemos e o que somos não é nada a não ser pecado.

Se você, meu leitor, chegou a isso, então abençoado seja Deus, você irá abraçar de bom grado a graça de Deus e nunca, em toda a eternidade, será capaz de medir a extensão da bênção que Deus te concede em nosso Senhor Jesus Cristo e por nosso Senhor Jesus Cristo. O Evangelho pregado aos pecadores é o Evangelho de perdão dos pecados (ver Lucas 24:46-47; Atos 10:36-43); e no momento em que o pecador crê na mensagem assim apresentada a ele, ele é perdoado; e aprende que Cristo, tendo arcado com o castigo decorrente dos seus pecados, Deus então nunca irá trazer esses pecados em julgamento contra ele. O Apóstolo João diz: "Filhinhos, escrevo-vos, porque pelo seu nome vos são perdoados os pecados" (I João 2:12). O Apóstolo Paulo diz: "Dando graças ao Pai que nos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz ... em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados" (Colossenses 1:12,14). Qualquer um que se dê ao trabalho pode encontrar muito mais passagens desse tipo. Ele, portanto, que veio a Deus através de Jesus Cristo, não é mais, segundo o que Deus chama, um pecador. Ele é uma pessoa perdoada. Seus pecados são jogados fora de uma vez por todas para sempre. Ele costumava ser um inimigo, bem distante, mas se tornou uma pessoa perdoada, em íntimo relacionamento com Deus. Novas responsabilidades, sem dúvida, surgem a partir desse momento; mas sua antiga responsabilidade como filho de Adão deixou de existir para sempre. Mas alguém pode dizer: "Sim, eu sei que meus pecados passados ​​são perdoados, mas são meus pecados presentes e futuros que me atribulam". Ah, você não aprendeu a verdade de Deus sobre o assunto. Você não tem, como as Escrituras chamam, uma consciência perfeita ou purificada. (Compare Hebreus 9:8-9 com Hebreus 10:1-14). Você não conhece esta simples verdade: que quando você não havia ainda cometido um único pecado sequer - pois você ainda nem tinha nascido - Deus havia tão completamente resolvido com Cristo a questão dos teus pecados, que é totalmente impossível para Ele trazer um único pecado contra você em julgamento. (Essa verdade é claro, é apenas para os crentes; como uma propiciação, Cristo morreu por todos, mas as Escrituras que falam dEle como um Substituto e como carregando nossos pecados se aplicam somente aos crentes, isto é, àqueles que aceitam a verdade de Ele ter feito propiciação). Você não pode ter essa paz estabelecida até que aprenda essa importante verdade. Mas quando você tiver aprendido isso, você saberá com alegria o que é ser aperfeiçoado para sempre (quanto à consciência) por meio do sangue de Cristo. Hebreus 10:14, João 5:24 (versão revisada) e I João 4:17, são também muito distintos em dizer que o crente não entrará sequer em juízo (isto é, para ser ou não aceito), pois como Cristo é, assim é ele neste mundo. Pense nisso, meu leitor, que se você é um crente no Senhor Jesus, é tão impossível para você ser julgado em relação a sua aceitação quanto é para o Senhor Jesus ser assim julgado. Graças a Deus por sua graça indizível.

Sem dúvida, uma dificuldade surgirá na mente de muitos, a saber: se o cristão é uma pessoa perdoada de uma vez por todas, então o que dizer dos pecados cometidos após o perdão ter sido recebido? Essa dificuldade será considerada no capítulo que fala das responsabilidades individuais do crente, ou seja, no capítulo 10. Outra classe de objetores, sem dúvida, dirá: "Então, se um crente tem certeza da glória, se é necessário apenas crer e assim ele obtém perdão, logo, para sempre depois disso, podemos viver como gostamos sem medo das consequências". Essa objeção é tão antiga quanto o Evangelho (veja Romanos 6:1). E é invariavelmente encontrada onde quer que o verdadeiro Evangelho da graça de Deus seja pregado, daqueles que não conhecem nem a Deus e nem a graça de Deus. Ela procede ou de legalistas, que não entendem nada da ruína do homem, nem do remédio de Deus, e ignoram completamente o fato de que, com o perdão dos pecados, Deus implanta uma nova natureza, com seus novos desejos etc., e que, portanto, é impossível para o crente ter o anseio de seguir o seu antigo caminho, ou então procede de pessoas iníquas, cujo único desejo é se libertar do pavor do inferno, a fim de que possam viver, sem medo, suas próprias luxúrias. Em ambos os casos, os opositores entregam a si mesmos pelas suas próprias palavras; pois eles assim mostram que não têm ideia do que seja o ódio pelo pecado, e então assumem que o castigo é a única coisa a ser temida; de modo que quando o pavor da punição é removido, imediatamente toda restrição desaparece. Portanto, nada mais precisa ser dito aqui para responder a tais objetores; pois eles não têm parte ou sorte em Jesus Cristo, e Ele próprio os tratará em juízo quando voltar. Tal objeção maligna não pode, de maneira alguma, proceder de um coração humilde e contrito (pois apenas a esse Deus recebe e perdoa), que odeia o pecado muito mais do que a punição do pecado; e não se importaria em nada com um perdão e salvação, que ainda deixasse alguém aprisionado a fim de andar segundo os desejos e pensamentos do coração natural. Seu objetivo é a salvação do pecado, como então ele pode andar em pecado?


Tradução do livro "What is a Christian?" de S.L. Jacob (1845-1911). Disponível em STEM Publishing: https://www.stempublishing.com/authors/Jacob/Jacob_What_is_Christian.html  Traduzido por André Boechat. andreestudosbiblicos.blogspot.com @andre_boechatfelipe